25 julho, 2006

Despesa versus Investimento no Orçamento Público

Legítima a preocupação do Andrei, no "Filosofia e Sociologia no Ensino médio", quando fala que a contratação de professores de filosofia e sociologia irá aumentar a folha de pagamento dos estados. Contudo, quando temos investimento onerando os cofres públicos, o meu, o teu rico dinheirinho que vai aos borbotões em impostos, está muito bem empregado. É investimento. Se a escola pública brasileira se qualifica, a sociedade agradece por esse importante retorno. Outra coisa é a despesa. Esta deve ser reduzida. Combatida, como se propõe o pacto que percorre o Rio Grande. Que os investimentos sirvam para forçar os governantes a estancar a sangria do orçamento público, que se dá pelo mau planejamento, os desmandos e o desperdício desenfreado. Nós não temos idéia do que representa o desperdício no setor público. Se tivéssemos a idéia, matematicamente falando, talvez o nosso posicionamento como cidadãos frente ao Estado fosse muito mais enérgico e eficaz.

Banco de teses e dissertações da Unicamp

Acrescentei o link do banco de teses e dissertações da Educação da Unicamp.

Filosofia e Sociologia no ensino médio

Finalmente o Conselho Nacional de Educação, órgão soberano em termos de decisão educacional no Brasil, homologou e prescreveu a Filosofia e a Sociologia como disciplinas obrigatórias no ensino médio para todo o território brasileiro. Nunca tais disciplinas foram obrigatórias em toda história da educação brasileira, nem mesmo antes de 1964 onde eram apenas disciplinas complementares do currículo. Consideramos isso uma vitória por parte da Executiva Nacional dos Estudantes de Filosofia (Enef), da Executiva Nacional dos Estudantes de Ciências Sociais (Enecs), das universidades federais e estaduais e de grande parte da sociedade brasileira que se mostrou enfática quanto a essa obrigação.
As escolas terão um ano para se preparar para essa obrigatoriedade. Contudo, sabemos que devemos pensar nos estados, nos municípios, pois são eles em grande maioria que pagam os professores. Temos então uma bomba que foi passada do Governo Federal para os estados e municípios. Os estados congestionados em contas e déficit públicos terão condições de arcar financeiramente com mais uma conta?
Para responder a essa pergunta, recorremos aos 17 estados que já adotaram Sociologia e Filosofia no currículo do ensino médio. O caso do nosso estado, se encontra com a minoria que ainda não tem essas disciplinas no currículo. Aliás, os estados já teriam que estar preparados para essa mudança, pois desde 1985 se fala no retorno de Filosofia e Sociologia aos currículos básicos. Em 2001 foi tentado de uma forma mais exigente em termos de normas e leis para essa efetivação, mas o projeto foi vetado pelo FHC, que alegava que o Brasil não dispunha de estrutura pessoal para essa proposta. Agora voltando de uma forma mais concisa e por uma certa pressão da sociedade, a avaliação e apreciação do projeto por parte do CNE foi unânime em decidir pela obrigatoriedade.
Era esperado que essa decisão fosse tomada pelo CNE, devido a muitas universidades estarem adequando Filosofia e Sociologia nos seus vestibulares, vejam os casos das universidades: UFPR, UFSM, UNB, UFMG, UEL e outras menores que estão em processo de implantação. Em todas elas é exemplificado o caso da Filosofia, que já está efetivada nos vestibulares dessas universidades. O caso da Sociologia é um pouco mais lento, pois ainda poucas universidades estão incluindo ela no conteúdo dos vestibulares, haja visto o exemplo da UFSM que somente contempla a Filosofia.
Quais as conseqüências dessa obrigatoriedade? Em primeiro lugar, aos entusiastas que imaginam que ela mudará radicalmente o pensamento dos jovens, afirmo que isso não será possível, devido ao tipo de estrutura da educação pública brasileira que ainda não tem um projeto consistente e sério de educação para o ensino médio. Em segundo lugar, a Filosofia e a Sociologia apenas fornecem critérios para uma certa emancipação da consciência de cidadania dos jovens. São instrumentos tão bons quanto a Literatura, a Biologia, a Matemática, o Português e as outras disciplinas obrigatórias. Elas não serviram para livrar nosso país da ditadura e não servirão para mudar radicalmente o país. Por enquanto, elas servirão para complementar a pobre grade curricular do ensino básico no Brasil.
Andrei Vieira Cerentine
Estudante de Filosofia da UFSM
Esse artigo foi publicado no Jornal do Povo de Cachoeira do Sul do dia 21 de julho de 2006.

Espero críticas.

Professor Agnaldo M. Severino

Adicionamos um link novo. O blog do professor Agnaldo (curso de física - UFSM) remete a conteúdos de ciência que podem auxiliar no nosso trabalho. Também tem links interessantes dentro do blog.

08 julho, 2006

Está aí o que "todo mundo queria"!

http://portal.mec.gov.br/index.php?option=content&task=view&id=5332&FlagNoticias=1&Itemid=5476



Filosofia e sociologia são disciplinas obrigatórias no ensino médio


O Conselho Nacional de Educação (CNE) decidiu nesta sexta-feira, 7, por unanimidade, que as escolas de ensino médio devem oferecer as disciplinas de filosofia e sociologia. A medida torna obrigatória a inclusão das duas matérias no currículo do ensino médio em todo o país, ampliando o que já era praticado em 17 estados.
Segundo o relator da proposta, conselheiro César Callegari, a decisão vai estimular os estudantes a desenvolverem seu espírito crítico. “Isso significa uma aposta para que os alunos possam ter discernimento quando tomam decisões e que sejam tolerantes porque compreendem a origem das diversidades”, declarou.
Na avaliação do titular da Secretaria de Educação Básica (SEB/MEC), Francisco das Chagas, a medida vai ampliar o número de vagas para profissionais de filosofia e sociologia. “A falta de professores em algumas situações também vai se adequar porque, com o ensino obrigatório das duas disciplinas, os cursos de graduação formarão mais profissionais para atuarem no setor”, disse.
A proposta de mudança foi feita pelo Ministério da Educação em 2005, mas como é do CNE a prerrogativa de definir as diretrizes curriculares nacionais, a deliberação foi feita pelos conselheiros. Agora, o parecer será homologado pelo ministro da Educação, Fernando Haddad. Segundo o documento aprovado, os estados terão um ano para incluir a filosofia e a sociologia na grade curricular do ensino médio.
Mudança – Para o professor de filosofia Aldo Santos, de São Paulo, a decisão vai promover uma mudança na estratégia educacional que desenvolve o pensamento, a reflexão e a ação dos estudantes. “Agora, o jovem vai entender o seu papel na história e saber que ele pode ser um agente transformador na sociedade”, analisou.
A inclusão das disciplinas de sociologia e filosofia no currículo do ensino médio foi comemorada por cerca de 150 professores e estudantes, que compareceram ao auditório do CNE. Houve até champanhe após a aprovação do parecer pelos conselheiros.
Repórter: Flavia Nery

06 julho, 2006

Correções à postagem anterior.

Para o texto do prof. Dr. Antonio Augusto Videira acessar
http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/02_02_08_Videira.pdf

Para acessar a conferência de Basarab Nicolescu ir em
http://nicol.club.fr/ciret/bulletin/b12/b12c8por.htm

Ainda, e por muito tempo, a questão da interdisciplinaridade.

Outro dia, na aula de Didática, discutíamos sobre a interdisciplinaridade. Pedro Demo, em seu livro “Conhecimento Moderno” – Sobre ética e intervenção do conhecimento”(Vozes, 1997, pp. 83-134) diz que “a interdisciplinaridade quer um relativo milagre: horizontalizar a verticalização (já explico), para que a visão complexa também seja profunda, e verticalizar a horizontalização para que a visão profunda também seja complexa. [Pausa, então, para esclarecer os termos. Ele utiliza “verticalização” como a postura vocacional da ciência para recortar objetos da realidade, devassando sua realidade mais específica, gerando assim aquele conhecimento superespecializado, profundo. A horizontalização é exatamente o oposto. É a realidade integral, complexa, e quem dela tenta apossar-se não consegue senão ser superficial].
Cito mais um trecho, à página 88-89, para fins de levantar poeira às nossas discussões. Diz ele: “Pode-se admitir a interdisciplinaridade como a arte do aprofundamento com sentido de abrangência, para dar conta, ao mesmo tempo, da particularidade e da complexidade do real. Precisamente porque este intento é complexo, a interdisciplinaridade leva a reconhecer que é melhor praticada em grupo, somando qualitativamente as especialidades.”(Particularmente, não acredito que seja muito produtiva a forma como um professor, isolado dos seus pares catedráticos, pratique a interdisciplinaridade, sem organizar com aqueles o arranjo em comum dos saberes).
Por que estou levantando este assunto? Primeiro, porque ele é vital na formulação das nossas ações para todas as formas de ensino que visem uma saída responsável à aquisição mais rica e segura do conhecimento. É um jeito novo que procuramos de construir conhecimento? Com certeza que esta é uma das principais metas. Por exemplo: a filosofia é interdisciplinar por natureza, mas e a física, a matemática, e as outras disciplinas? Falávamos, naquela aula, sobre esses dilemas. Toquei na questão da transdisciplinaridade ...Então deixo-lhes, aqui, com este assunto que parece tratar sobre (para usar uma metáfora) que veículo usaremos para ir daqui, por exemplo até os EUA. Poderemos planejar ir de navio, de carro, de bicicleta ou, quem sabe, de avião. O que implica planejar uma viagem para cada um destes veículos?
Assim, a nossa discussão tem uma disciplina específica: qual é o efeito que queremos imprimir ao acesso e à aquisição de conhecimentos? Qual é o veículo principal que utilizaremos para isto?
Um bom começo, ou continuação da nossa discussão, pode ser este artigo do professor Dr.Antonio Augusto Videira, do departamento de Filosofia da UFRJ.
(in: http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/02_02_08_Videira.pdf)
Ou ainda a conferência de BASARAB NICOLESCU, ainda mais elucidativa, no Congresso International "A Responsabilidade da Universidade para com a Sociedade", International Association of Universities, Chulalongkorn University, Bangkok, Thailand, de 12 a 14 de novembro de 1997.
(in:http://nicol.club.fr/ciret/bulletin/b12/b12c8por.htm#texte).
Perdoem-me se me estendi. É a motivação.