22 agosto, 2007

Filosofia para/com Crianças?

Aproximar filosofia e criança, de acordo com Matthew Lipman, auxiliaria as habilidades de pensar, questionar e refletir. Por isso, Lipman procura aproximar metodologias didático-reflexivas da sala de aula e passa a escrever no fim dos anos 60 do século XX obras literárias que abordam temas filosóficos. Estas obras começam a ser trabalhadas por professores, capacitados e orientados por materiais didáticos, com crianças em grupos de discussão ou comunidades investigativas. Sua precursora proposta de trabalho é chamada de Programa de Filosofia para Crianças. A partir de 1985, tal proposta chega ao Brasil, por meio do trabalho de Catherine Young Silva, que junto a colaboradores funda o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC), a fim de divulgar o programa de Filosofia para Crianças e facilitar a formação de professores.
Nossa nova pesquisa é sobre os limites e as possibilidades ressaltadas ao implantar uma proposta de filosofia nos anos iniciais, utilizando diferentes modelos de reflexão e metodologias em atividades com crianças em escolas da rede pública e privada do município de Santa Maria. Estamos investigando, inicialmente, quais as escolas que oferecem a disciplina de Filosofia no Ensino Fundamental, procurando conhecer suas propostas e metodologias de ação. Em seguida, serão realizadas entrevistas com alguns professores responsáveis e observação das respectivas aulas.
Em particular, já estamos nos questionando sobre a formação desses professores que atuam com a Filosofia no Ensino Fundamental. Se de um lado o curso de Filosofia está formando futuros professores para atuarem com jovens no Ensino Médio, de outro, o curso de Pedagogia não oferece suficiente inserção na tradição filosófica aos futuros professores que atenderão à infância. A pergunta, então, que surge é: quem será o profissional que atuará nesta área?
De outra forma, compreendemos que o trabalho de reflexão e de pensar bem em sala de aula, proposto por Lipman, não se encontra atrelado à idéia do desenvolvimento de conteúdos filosóficos, mas a uma prática pedagógica que procure a aprendizagem crítica e criativa, para a autonomia do educando.