06 julho, 2006

Ainda, e por muito tempo, a questão da interdisciplinaridade.

Outro dia, na aula de Didática, discutíamos sobre a interdisciplinaridade. Pedro Demo, em seu livro “Conhecimento Moderno” – Sobre ética e intervenção do conhecimento”(Vozes, 1997, pp. 83-134) diz que “a interdisciplinaridade quer um relativo milagre: horizontalizar a verticalização (já explico), para que a visão complexa também seja profunda, e verticalizar a horizontalização para que a visão profunda também seja complexa. [Pausa, então, para esclarecer os termos. Ele utiliza “verticalização” como a postura vocacional da ciência para recortar objetos da realidade, devassando sua realidade mais específica, gerando assim aquele conhecimento superespecializado, profundo. A horizontalização é exatamente o oposto. É a realidade integral, complexa, e quem dela tenta apossar-se não consegue senão ser superficial].
Cito mais um trecho, à página 88-89, para fins de levantar poeira às nossas discussões. Diz ele: “Pode-se admitir a interdisciplinaridade como a arte do aprofundamento com sentido de abrangência, para dar conta, ao mesmo tempo, da particularidade e da complexidade do real. Precisamente porque este intento é complexo, a interdisciplinaridade leva a reconhecer que é melhor praticada em grupo, somando qualitativamente as especialidades.”(Particularmente, não acredito que seja muito produtiva a forma como um professor, isolado dos seus pares catedráticos, pratique a interdisciplinaridade, sem organizar com aqueles o arranjo em comum dos saberes).
Por que estou levantando este assunto? Primeiro, porque ele é vital na formulação das nossas ações para todas as formas de ensino que visem uma saída responsável à aquisição mais rica e segura do conhecimento. É um jeito novo que procuramos de construir conhecimento? Com certeza que esta é uma das principais metas. Por exemplo: a filosofia é interdisciplinar por natureza, mas e a física, a matemática, e as outras disciplinas? Falávamos, naquela aula, sobre esses dilemas. Toquei na questão da transdisciplinaridade ...Então deixo-lhes, aqui, com este assunto que parece tratar sobre (para usar uma metáfora) que veículo usaremos para ir daqui, por exemplo até os EUA. Poderemos planejar ir de navio, de carro, de bicicleta ou, quem sabe, de avião. O que implica planejar uma viagem para cada um destes veículos?
Assim, a nossa discussão tem uma disciplina específica: qual é o efeito que queremos imprimir ao acesso e à aquisição de conhecimentos? Qual é o veículo principal que utilizaremos para isto?
Um bom começo, ou continuação da nossa discussão, pode ser este artigo do professor Dr.Antonio Augusto Videira, do departamento de Filosofia da UFRJ.
(in: http://www.scientiaestudia.org.br/revista/PDF/02_02_08_Videira.pdf)
Ou ainda a conferência de BASARAB NICOLESCU, ainda mais elucidativa, no Congresso International "A Responsabilidade da Universidade para com a Sociedade", International Association of Universities, Chulalongkorn University, Bangkok, Thailand, de 12 a 14 de novembro de 1997.
(in:http://nicol.club.fr/ciret/bulletin/b12/b12c8por.htm#texte).
Perdoem-me se me estendi. É a motivação.

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