18 dezembro, 2007

As leituras do nosso grupo

Encerramos o ano de 2007 com algumas conquistas. Esse ano adentramos nas leituras de (DELEUZE, P. LEVY, M. HARDT, J. LARROSSA e outros autores). Tais autores nos ajudaram a dialogar sobre a filosofia inserida no ensino médio, além de nutrir nossos textos fora do grupo FILJEM.

Perspectivas atuais do ensino de filosofia

(artigo publicado na revista "Rascunho" da Cooperativa de Estudantes de Santa Maria - Cesma - março de 2007)


por Andrei Cerentine

A retomada das discussões a respeito da inclusão da filosofia nos currículos no Ensino Médio brasileiro, bem como sua inclusão em processos seletivos de algumas universidades, têm suscitado inúmeros pontos que merecem atenção. Dentre os pontos conhecidos estão desde a falta de qualificação específica de professores (aqueles que lecionam sem a formação acadêmica), critérios para a formulação de currículos, ínfima carga horária, desinteresse geral por parte de alunos e professores das demais disciplinas, etc. Não se pode pretender elucidar todos estes pontos de uma vez só, o que me leva a uma pequena reflexão a respeito de como os professores compreendem sua própria prática de ensino de filosofia.
Uma pergunta com a qual se poderia iniciar uma reflexão é: “o que estamos fazendo ao ‘ensinar filosofia’?” Para responder a isso, precisamos observar os fatos, ou seja, como as aulas de filosofia têm sido ministradas nas escolas (e isto inclui uma pesquisa a respeito dos materiais didáticos utilizados, metodologias), qual o tipo de preparo dos professores e, talvez o mais importante, o que eles pretendem enquanto professores de filosofia. Uma pesquisa iniciada pelo FILJEN no ano de 2005, da qual comecei a fazer parte no ano passado, mostra alguns dados relevantes para uma possível resposta.
Um dos jargões mais ouvidos nas discussões é o seguinte: a filosofia forma cidadãos mais críticos. E como ela faz isso? “Ensinando a pensar”, diz o outro jargão. E como se faz isso? “Dialogando”. Respostas vazias. Do modo como se sabe que as coisas são feitas (o ensino historicamente pautado, a superficialidade das discussões propostas em aula, quando não o total abandono do exercício filosófico), parece impossível desenvolver “senso crítico” ou coisa que o valha: como se pode pretender que o jovem seja crítico se mal compreende os textos que lêem? Não acredito que a tarefa do professor de filosofia seja ensinar os alunos a ler ou escrever. Mas é inegável que quando os introduzimos num outro universo de pensamento, pautado pela coerência argumentativa, pela necessidade de leituras e reflexões adicionais, como da filosofia, a possibilidade de modificação nas práticas de interpretação de escrita aumentam significativamente.
Tendo em vista o atual estado de coisas, pode-se inferir que a pergunta que deu origem a esta reflexão, com algumas exceções, não figura como fundamento das práticas vigentes em sala de aula. A importância deste questionamento me parece crucial na medida em que a compreendo como um primeiro passo na tentativa de construir uma metodologia de ensino de filosofia que possa dar conta das diversas concepções da mesma sem perder de vista um objetivo específico: a atividade de esclarecer idéias, analisar conceitos e argumentos de modo criterioso. Esforços no sentido de buscar estabelecer uma tal metodologia são preciosos dada a crescente necessidade de formar professores qualificados, aptos ao desenvolvimento de uma prática didática que conserve as peculiaridades da filosofia sem que ela seja completamente desinteressante ao universo dos jovens estudantes. Dentre estas peculiaridades encontra-se um aspecto premente nas questões de filosofia apresentadas no vestibular 2007 da UFSM: a transversalidade.
Os conceitos analisados pela filosofia não são exclusividade sua, basta notar que conceitos como verdade, significado, crença, teoria, para dar alguns exemplos, são fundamentais para qualquer área de conhecimento e ação; sendo assim, fazem parte do discurso das outras disciplinas do currículo. É através da reflexão sobre eles que podemos exercer a transversalidade, entendendo por isso a análise articulada de idéias que são compartilhadas por todas as disciplinas. No vestibular da UFSM desse ano, algumas questões partiram de conceitos comuns, dando margem para a percepção do modo como as disciplinas se relacionam umas com as outras. Exemplos disso foram as questões de filosofia que envolviam conceitos fundamentais das ciências naturais, da matemática, e mesmo aquelas conectadas com questões de língua portuguesa e literatura. Diversos alunos, e mesmo professores que realizavam a prova simultaneamente, respondiam questões sem ter idéia de qual “matéria” se tratava. Considero este último fato importante na avaliação da inclusão da filosofia no vestibular da UFSM, tendo em mente principalmente as críticas à fragmentação dos saberes, sua falta de conexão, que acaba facilitando um modo de estudar pautado pela mera memorização de conteúdos sem articulação alguma entre si.
O aspecto transversal da filosofia não precisa ser encarado como uma proposta metodológica inovadora, ou como a solução para os problemas citados acima, na medida em que ela está vinculada ao próprio labor filosófico. Com isso, o fato de a UFSM ter produzido questões de filosofia que não se pautaram pela abordagem histórica, geralmente infrutífera em termos de aprendizagem do exercício filosófico – principalmente quando só se ensina história da filosofia – apenas contempla uma característica intrínseca da filosofia, não sendo uma invenção metodológica. O que por vezes assusta é a constatação de que, em geral, o professor que está dando aula no Ensino Médio não consegue perceber o alcance da transversalidade para o debate com as outras áreas do currículo, muito embora seja também percebido um discurso que defende a filosofia como detentora do fundamento último de todas as ciências. Há uma diferença enorme entre a percepção de que os conceitos com os quais a filosofia opera sejam, em grande medida, fundamentais para as ciências (humanas ou naturais), as letras e a matemática, e a afirmação de quem sem uma fundamentação filosófica, as demais áreas do conhecimento ou da ação humanas perderiam sentido – o que denota uma certa megalomania filosófica por parte de alguns professores.
A articulação de conteúdos das diferentes disciplinas pode tornar-se frutífera em termos de aprendizagem filosófica na medida que o professor se aproxima das outras áreas do saber. Isto significa que o professor de filosofia precisa se apropriar minimamente das ferramentas conceituais das demais disciplinas de modo a poder realizar uma caminhada nas pontes entre elas. Esta articulação seria um passo interessante na construção de uma metodologia adequada às características intrínsecas ao pensamento filosófico, e mesmo no sentido de uma nova perspectiva para o ensino em geral. Na medida em que os colegas das demais disciplinas se envolvem um pouco com nossos temas e modos de abordá-los, os alunos (na verdade, todos os envolvidos no processo formacional) só têm a ganhar, dado que a compartimentalização de saberes, naquilo que ela traz de confuso) poderia começar a se desfazer. Isso tudo pressuporia, certamente, uma dedicação diferenciada por parte dos professores, o que talvez só fosse possível depois de um auto-exame, quem sabe depois que todos se perguntassem “o que estamos fazendo ao ‘ensinar?” Afinal de contas, porque nos tornamos professores? Temos alguma coisa em comum?

“Todo nível um pouco elevado da produção supõe uma cooperação mais ou menos ampla; e a cooperação se define pelo fato de que os esforços de cada um não têm sentido e eficácia senão por sua relação e sua exata correspondência com os esforços de todos os outros, de maneira que todos os esforços formem um só trabalho coletivo.”
(Simone Weil, em Opressão e Liberdade.)

Leitura e Escrita na Aula de Filosofia do Ensino Médio

(O resumo abaixo foi publicado nos anais do GT - Filosofar e aprender a filosofar da Anpof - na UFU em outubro de 2007)

Tatiana Ribeiro – UFSM[1]

Katiuska I. Marçal – UFSM[2]

Elisete M. Tomazetti - UFSM[3]

Este trabalho tem como objetivo prioritário apresentar algumas considerações sobre a relação do jovem aluno de filosofia do ensino médio com a leitura e a escrita. Tomaremos como base as falas destes alunos nos questionários e entrevistas realizados durante a efetivação do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio.

Lembramos aqui o documento das Orientações Curriculares – Conhecimentos de Filosofia, produzido por especialistas da área, que aponta, de forma enfática, as seguintes competências: ler textos filosóficos de modo significativo e ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros; elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo. Como documento orientador da ação docente na disciplina de filosofia, sinaliza e reforça para os professores a importância destas atividades no âmbito da sua aula. Salientamos que o documento considera cuidadosamente a questão da leitura e da escrita. Reafirma a História da Filosofia, a tradição, como essencial neste ensino, mas encaminha para o desenvolvimento de tais competências e habilidades, sem, no entanto, evocar as dificuldades dos alunos com a leitura e com a escrita. Não sinaliza, também, para metodologias mais eficazes para o seu desenvolvimento.

Entretanto, a empiria, a partir da investigação, nos demonstrou as dificuldades dos alunos, primeiramente em entender a linguagem utilizada pelo professor na aula de filosofia e, também, em compreender os textos e, posteriormente, produzir um “escrito” sobre ele. Podemos afirmar que tais competências não são tarefas fáceis, o que reforça nossa perspectiva de avançarmos na ampliação dos estudos sobre a leitura e a escrita no ensino de filosofia.

Certamente tais dificuldades ultrapassam o tempo e o espaço de uma aula de filosofia e estendem-se a todas as disciplinas do currículo escolar. Nesta direção, o discurso pedagógico, familiar e midiático têm destacado a insignificância da leitura na vida das crianças e dos jovens, apontando para as condições culturais e sociais contemporâneas que propiciam que, lentamente ocorra a superação da cultura alfabética pela cultura da imagem.

As questões que nomeamos a seguir serão desenvolvidas ao longo de nossa reflexão: de que forma o professor aciona a leitura do texto, clássico de filosofia, ou não, na sua aula? O que cabe ao aluno escrever no texto solicitado pelo professor? Estas atividades encaminham o aluno para o exercício do pensamento?

Consideramos que na aula de filosofia não se trata de ler um texto procurando encontrar a sua verdade, mas de lê-lo como um “acontecimento”, entre outros, que efetiva a atividade filosófica na escola. Assim, enunciamos, rapidamente, que a aula de filosofia é, por excelência, o momento em que os alunos, não só entram em contato com o pensamento já pensado na tradição, mas também se colocam na posição de sujeitos que podem produzir questões e elaborar argumentos filosóficos.



[1] Aluna bolsista - Prolicen do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio – tatianaribeiro@mail.ufsm.br

[2] Aluna bolsista – Prolicen do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio – katiuskai@bol.com.br

[3] Professora Coordenadora do Projeto – elisetem2@gmail.com

22 agosto, 2007

Filosofia para/com Crianças?

Aproximar filosofia e criança, de acordo com Matthew Lipman, auxiliaria as habilidades de pensar, questionar e refletir. Por isso, Lipman procura aproximar metodologias didático-reflexivas da sala de aula e passa a escrever no fim dos anos 60 do século XX obras literárias que abordam temas filosóficos. Estas obras começam a ser trabalhadas por professores, capacitados e orientados por materiais didáticos, com crianças em grupos de discussão ou comunidades investigativas. Sua precursora proposta de trabalho é chamada de Programa de Filosofia para Crianças. A partir de 1985, tal proposta chega ao Brasil, por meio do trabalho de Catherine Young Silva, que junto a colaboradores funda o Centro Brasileiro de Filosofia para Crianças (CBFC), a fim de divulgar o programa de Filosofia para Crianças e facilitar a formação de professores.
Nossa nova pesquisa é sobre os limites e as possibilidades ressaltadas ao implantar uma proposta de filosofia nos anos iniciais, utilizando diferentes modelos de reflexão e metodologias em atividades com crianças em escolas da rede pública e privada do município de Santa Maria. Estamos investigando, inicialmente, quais as escolas que oferecem a disciplina de Filosofia no Ensino Fundamental, procurando conhecer suas propostas e metodologias de ação. Em seguida, serão realizadas entrevistas com alguns professores responsáveis e observação das respectivas aulas.
Em particular, já estamos nos questionando sobre a formação desses professores que atuam com a Filosofia no Ensino Fundamental. Se de um lado o curso de Filosofia está formando futuros professores para atuarem com jovens no Ensino Médio, de outro, o curso de Pedagogia não oferece suficiente inserção na tradição filosófica aos futuros professores que atenderão à infância. A pergunta, então, que surge é: quem será o profissional que atuará nesta área?
De outra forma, compreendemos que o trabalho de reflexão e de pensar bem em sala de aula, proposto por Lipman, não se encontra atrelado à idéia do desenvolvimento de conteúdos filosóficos, mas a uma prática pedagógica que procure a aprendizagem crítica e criativa, para a autonomia do educando.

27 março, 2007

Prolicem 2006

No evento organizado pelo "Programa de Licenciaturas da UFSM" (Prolicem), apresentamos alguns resultados nas nossas pesquisas em um banner. Aqui abaixo está o texto do banner:


"Projeto Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio"


Introdução

Este projeto de pesquisa tem como problema investigar como os alunos do ensino médio concebem a disciplina de filosofia e como interagem a cultura juvenil a cultura escolar e o saber filosófico no cotidiano da escola. Entende-se como importante perceber as características da escola bem como as manifestações culturais contemporâneas, destacando as relações que se estabelecem entre a cultura juvenil, a cultura escolar e o ensino de filosofia.

Objetivo

Identificar as concepções dos alunos do ensino médio em relação a disciplina filosofia e ao saber filosófico. Assim como, identificar as concepções que os alunos têm de si mesmos e dos saberes e práticas escolares.

Metodologia

A primeira etapa da pesquisa consistiu na coleta de dados por meio de questionários, a partir dos quais resultaram gráficos. Estes identificam o perfil sócio-econômico, assim como as impressões dos alunos a respeito da escola e das aulas de filosofia. No ano de 2006 foram realizadas entrevistas com grupos de 8 a 12 alunos por série em duas escolas da rede estadual de ensino de Santa Maria. As questões que compunham a entrevista serviram de auxílio para a compreensão das representações acerca dos alunos em relação ao ensino de filosofia. Concomitantemente a isto, foram realizados estudos bibliográficos a fim de estabelecer uma fundamentação teórica nas análises dos dados coletados na pesquisa.

Resultados

A análise das entrevistas permite destacar aspectos diversos, referentes a qualidade da relação do jovem com a filosofia. A inapetência, por exemplo, de grande parte dos jovens à leitura é um dos nós que temos no centro dessa relação. E um dado desequilíbrio que subsiste entre a linguagem do professor e a do aluno é altamente comprometedor e bem pode ferir os propósitos mais elevados da filosofia na escola, a saber: tornar o indivíduo mais esclarecido em si mesmo, para o mundo e acerca dele. O que foi explicitado pelos estudantes requereu de nós uma análise interpretativa. Percebemos que os estudantes consultados relacionam de forma muito estreita a disciplina de filosofia com uma possibilidade de exposição de seus pontos de vista; ou ainda, quando percebemos entre eles um acordo implícito de “respeito” à opinião alheia, ou seja, uma espécie de acomodação perante às inúmeras possibilidades de visões particulares em relação a este ou aquele assunto.

[Filosofia é] uma maneira de expor nossas idéias. (Aluno do 1ºano)
[...]porque cada um tem uma filosofia diferente ali da outra menina,ali do rapaz. (Aluno do 2º ano)
É porque quando a gente vai filosofar, a gente filosofa à nossa maneira.É nossa opinião que a gente ta colocando. Então, assistindo uma aula ou não, é nossa opinião que vai tá ali. (Aluno do 1º ano)

Quando perguntados sobre as características de um bom aluno de filosofia respondem: “ter concentração”, “prestar atenção”; “ter respeito pelo professor”; “pensar junto com o professor”; “querer aprender”; “ler bastante”; “expor as idéias”. Embora indiquem tais características de um bom aluno de filosofia no ensino médio, muitos alunos dizem que não as têm, que não se portam de maneira considerada necessária. Esta discrepância manifesta-se quando nomeiam as dificuldades que enfrentam nas aulas de filosofia. São elas: “a linguagem usada pelo professor, que é muito culta”; “o fato de o professor tratar de coisas muito antigas e muito teóricas”. O fato de a filosofia fazer muitas perguntas e não respondê-las; acham difícil ter que escrever e ler os textos difíceis em aula. O reconhecimento da filosofia, pelos alunos, como dizendo respeito ao antigo, ao teórico, ao culto, ao abstrato nos encaminha para a inferência que os alunos não estão se “implicando” na aula. Estaria havendo um distanciamento do aluno da aula de filosofia, que poderia ser superado pela produção de problemas com os quais eles se conectem, pelo fato de remeterem a situações de vida cotidiana.

Conclusão

A pesquisa possibilitou a conclusão de que a filosofia, no ensino médio, recebe ênfase como espaço apropriado para o exercício de debates. Mas a flexibilidade atribuída a esse espaço tende a gerar efeitos perigosos, como por exemplo, a imprecaução, sobretudo do professor, na condução do tema ou questão filosófica a ser trabalhada, ou ainda, mesmo quando existe interface entre história da filosofia e questões práticas da ordem do mundo do jovem, pode haver dificuldade em permanecer dentro do assunto estipulado e, por isso, o debate facilmente se transfere para fora do tema. Não menos previsíveis são o inconveniente de opiniões inconseqüentes e os mal-entendidos e desrespeitos que surgem como conseqüência de um precário planejamento das aulas e da baixa produtividade filosófica desses debates. Neste momento da investigação, constatamos que, em muitos casos, a aula de filosofia tem produzido a passividade e a imobilidade mental e corporal do aluno ao invés do seu envolvimento/movimento. A construção de novas realidades pelo aluno é possível. No entanto, ela não ocorrerá sem a compreensão plena de como ocorrem o pensamento opinativo e o especulativo. Também, se o aluno se mantiver apenas no estágio da opinião, porque estará arraigado em perspectivas de senso comum e lutando de forma vaidosa para que seus pontos de vista se mantenham. Faz-se, assim, a maior responsabilidade do professor, qual seja, a de auxiliar na explicitação e compreensão das particularidades da Filosofia e possibilitar o exercício do pensamento filosófico real, sem ensaios, sem medo, pois de que não haja preparo entre seus alunos. A compreensão de qualquer espécie de processo está ao alcance de todo e qualquer indivíduo, desde que se pense nele como alguém que tem, entre suas características essenciais, a inteligência.

"Para o(a) professor(a) de Filosofia"

Sabemos o quanto é urgente a participação do(a) professor(a) no debate sobre a Filosofia como disciplina obrigatória no ensino médio. É hora do professor estar atento as novas pesquisas, propostas e metodologias do ensino de filosofia. Lembrem-se professores: o momento é único, há décadas o movimento para incursão obrigatória da filosofia nos currículos foi iniciado, e agora temos um novo foco. Devemos abraçar a causa de mais qualidade para o ensino de filosofia, tanto tempo esquecido pelas universidades. Este espaço é para isso, tirar dúvidas, criticar e apresentar novas propostas para o ensino de filosofia. Aqui é o lugar do(a) professor(a) se manifestar sobre a filosofia e os seus conteúdos, o Peies/Vestibular, expor suas dificuldades, seus méritos, seus medos e também, espaço para o diálogo com a universidade.
Estamos abertos para o debate, aceitamos sugestões para temas à serem dicutidos, bem como sugestões de eventos ou palestras.
Agradecemos à participação de todos, sejam bem vindos ao novo espaço para o(a) professor(a) de filosofia.

Atividades realizadas em Janeiro I

SOBRE O FILJEM:

O projeto de pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio iniciou no ano de 2004 e vem desenvolvendo-se de forma regular, tendo como questão de pesquisa: “como os alunos do ensino médio concebem a disciplina filosofia e como interagem a cultura juvenil, a cultura escolar e o saber filosófico no cotidiano escolar”.
Cabe ressaltar o momento de visibilidade e efervescência pelo qual passa a Filosofia, devido à aprovação do projeto de lei que instaura a sua obrigatoriedade no ensino médio , além da inclusão da disciplina em Vestibulares ou em programas especiais de ingresso ao ensino superior, como é o caso do PEIES, criado pela UFSM. Tal situação torna nosso projeto de pesquisa mais urgente e importante, pois se propõe a produzir conhecimento sobre a situação do ensino de filosofia no ensino médio, tomando como referência principal o aluno jovem/adolescente e suas representações, relações e práticas com a disciplina.

05 dezembro, 2006

Educação, filosofia... e o novo pensar como fica?

Nossa tarefa, enquanto professores de filosofia, enleados como estamos entre o ensino da disciplina, as culturas dos jovens do ensino médio, os problemas micro (a sala de aula) e macro estruturais (políticas públicas), é permanentemente nos perguntarmos – como podemos caminhar, por entre a cultura da indiferença e da falta de planejamento a longo prazo, para uma educação de melhor nível? O que temos desde as DCNs (diretrizes curriculares nacionais), passando pelos PCNs (parâmetros curriculares nacionais), até as Orientações Curriculares das disciplinas é todo um perfilamento, uma moldagem de objetivos para o ensino e aprendizagem que buscam o máximo de atualização, nos aspectos de competência e habilidade, com o mundo contemporâneo do trabalho e do pensamento. Em última análise, podemos dizer que há um empenho da educação escolar em minimizar ao máximo o assincronismo entre escola e mundo. Contudo, como podemos ler em “Educação, trabalho e mercado de trabalho no Brasil” de Azuete Fogaça e Cláudio L. Salm em (http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252006000400021&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt) “a questão educacional não mobiliza a sociedade brasileira. Nossa tradição é de uso da educação escolar como fator de diferenciação entre os segmentos sociais, de legitimação das hierarquias sociais e, com isso, de manutenção das desigualdades.Ou seja, ainda somos dominados pelo credencialismo.” Três aspectos corroboram a argumentação dos autores: 1) em nossa sociedade a igualdade procura firmar-se através da desigualdade, o que, para quem leu “O mestre ignorante" de Rancière, sabe muito bem o que isso significa; 2) as relações trabalhistas (patrão e empregado), com honrosas exceções de algumas empresas que atingiram níveis excepcionais de produtividade, interação e criatividade entre diretores e operários, além da participação nos lucros, são ainda um desastre, um atraso absoluto em nosso país; e 3) o clientelismo eleitoreiro alimentado pela maioria dos nossos legisladores, que procura preservar seus privilégios em nome do serviço aos interesses da população, em que é primordial que não se revolucione setores como a educação.
Enquanto isto, muito dinheiro e tempo (pensemos em gerações) são investidos em educação pública. O fato é que desde uma simples aula de filosofia, matemática ou literatura, até o mais alto nível de pesquisa científica, o país se apequena a cada quadriênio que passa. O texto acima citado, bem como a apresentação do Sr. Lessa, coordenador do CNPQ, na abertura da 21ª Jornada Acadêmica Integrada da UFSM, comprovam que temos números altamente otimistas, gráficos que registram, no caso da escola fundamental, um crescimento extraordinário de matrículas na 1ª série do ensino médio, bem como sobre a conclusão deste, e, lá na outra ponta, a formação de doutores (9500 doutores nos últimos doze meses). Uma das perguntas do próprio coordenador do CNPQ é: onde, mercado para toda essa gente? A outra, feita também por ele, por que, se temos tantos doutores, o número de patentes requeridas é tão pequeno? Apenas 284 patentes, contra 2400 requeridas no mesmo período pela China, com o mesmo contingente de doutores formados. Sem falar dos Estados Unidos, que nesse mesmo período registrou 44 mil requerimentos. Nosso atraso em dar respostas a partir da educação, em boa medida, como dizem Folgaça e Salm, é o credencialismo, que, como ninguém, Sérgio Buarque de Holanda, no seu “Raízes do Brasil”, descreve magistralmente. Vale mais do que a pena reler esta obra seguidamente, pois que parece ser o nosso genuíno testamento, que fala com um critério excepcional sobre nossas heranças culturais. Temos ou não temos assunto para o dia 16 de janeiro no nosso “Filosofia na Escola”? Preparem suas baterias, o Happy New Year está aí e se chama 2007. Mas isso é assunto para os numerólogos.

04 dezembro, 2006

Seminário Filosofia na Escola

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE EDUCAÇÃO

SEMINÁRIO LOCAL
FILOSOFIA NA ESCOLA

16 DE JANEIRO DE 2007
LOCAL – AUDIMAX – CENTRO DE EDUCAÇÃO - UFSM

Objetivos - Apresentar à comunidade acadêmica e à comunidade escolar de Santa Maria e região os resultados parciais da pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio, as reflexões dos alunos e alunas que realizaram seu estágio curricular em Filosofia no ano de 2006 e fomentar um processo de socialização dos estudos e reflexões sobre ensino de filosofia com todos aqueles e aquelas que têm nesta temática seu objeto de estudo, de investigação e de prática docente.

Programação

8:30 – 8:45 Abertura
8:45 – 10:00 Projeto FILJEM
10:00 – 10:15 Intervalo
10:15 – 12:00 Mesa redonda com professores de Filosofia das Escolas: Filosofia no ensino médio
12:00 – 13:45 Intervalo
13:45 – 15:30 Relatos dos Alunos Estagiários do Curso de Filosofia
15:30 – 15:45 Intervalo
15:45 – 16:30 Filosofia e Transversalidade prof. Ronai Pires da Rocha
16:30 – 17:30 Grupo Cinema, Filosofia e Educação


Inscrições: Gratuitas, na hora e no local do evento.

Promoção: Grupo de Pesquisa Filosofia, Cultura e Ensino Médio
Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio

Apoios: Centro de Educação
Programa de Pós-Graduação em Educação/UFSM

Equipe Organizadora: Elisete M. Tomazetti; Luis Carlos Boa Nova Valério; Katiuska I. Marçal; Andrei Cerentine; Dariane Carlesso; Aline Schmidt; Adriano M. Oliveria.

Informações: Sala 3278b – Centro de Educação – UFSM Telefone: 55 3220 9414
e-mail: luisvalerio@terra.com.br elisetem@via-rs.net
Blog do Grupo FILJEM: http://plataonaescola.blogspot.com

28 novembro, 2006

Encontro com a psicologia

Segunda-feira, dia 4 de dezembro, às 14h, no Centro de Educação (sala a definir, mas podem se dirigir à sala 3278B), teremos o colóquio sobre "Adolescentes e Identidade: Perspectivas Psicanalíticas Atuais", apresentado por Adriano Oliveira, membro da linha de pesquisa II Educação Política e Cultura do mestrado em educação. Aguardamos todos lá.