18 dezembro, 2007

Leitura e Escrita na Aula de Filosofia do Ensino Médio

(O resumo abaixo foi publicado nos anais do GT - Filosofar e aprender a filosofar da Anpof - na UFU em outubro de 2007)

Tatiana Ribeiro – UFSM[1]

Katiuska I. Marçal – UFSM[2]

Elisete M. Tomazetti - UFSM[3]

Este trabalho tem como objetivo prioritário apresentar algumas considerações sobre a relação do jovem aluno de filosofia do ensino médio com a leitura e a escrita. Tomaremos como base as falas destes alunos nos questionários e entrevistas realizados durante a efetivação do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio.

Lembramos aqui o documento das Orientações Curriculares – Conhecimentos de Filosofia, produzido por especialistas da área, que aponta, de forma enfática, as seguintes competências: ler textos filosóficos de modo significativo e ler de modo filosófico textos de diferentes estruturas e registros; elaborar por escrito o que foi apropriado de modo reflexivo. Como documento orientador da ação docente na disciplina de filosofia, sinaliza e reforça para os professores a importância destas atividades no âmbito da sua aula. Salientamos que o documento considera cuidadosamente a questão da leitura e da escrita. Reafirma a História da Filosofia, a tradição, como essencial neste ensino, mas encaminha para o desenvolvimento de tais competências e habilidades, sem, no entanto, evocar as dificuldades dos alunos com a leitura e com a escrita. Não sinaliza, também, para metodologias mais eficazes para o seu desenvolvimento.

Entretanto, a empiria, a partir da investigação, nos demonstrou as dificuldades dos alunos, primeiramente em entender a linguagem utilizada pelo professor na aula de filosofia e, também, em compreender os textos e, posteriormente, produzir um “escrito” sobre ele. Podemos afirmar que tais competências não são tarefas fáceis, o que reforça nossa perspectiva de avançarmos na ampliação dos estudos sobre a leitura e a escrita no ensino de filosofia.

Certamente tais dificuldades ultrapassam o tempo e o espaço de uma aula de filosofia e estendem-se a todas as disciplinas do currículo escolar. Nesta direção, o discurso pedagógico, familiar e midiático têm destacado a insignificância da leitura na vida das crianças e dos jovens, apontando para as condições culturais e sociais contemporâneas que propiciam que, lentamente ocorra a superação da cultura alfabética pela cultura da imagem.

As questões que nomeamos a seguir serão desenvolvidas ao longo de nossa reflexão: de que forma o professor aciona a leitura do texto, clássico de filosofia, ou não, na sua aula? O que cabe ao aluno escrever no texto solicitado pelo professor? Estas atividades encaminham o aluno para o exercício do pensamento?

Consideramos que na aula de filosofia não se trata de ler um texto procurando encontrar a sua verdade, mas de lê-lo como um “acontecimento”, entre outros, que efetiva a atividade filosófica na escola. Assim, enunciamos, rapidamente, que a aula de filosofia é, por excelência, o momento em que os alunos, não só entram em contato com o pensamento já pensado na tradição, mas também se colocam na posição de sujeitos que podem produzir questões e elaborar argumentos filosóficos.



[1] Aluna bolsista - Prolicen do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio – tatianaribeiro@mail.ufsm.br

[2] Aluna bolsista – Prolicen do Projeto de Pesquisa Filosofia, Cultura Juvenil e Ensino Médio – katiuskai@bol.com.br

[3] Professora Coordenadora do Projeto – elisetem2@gmail.com

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